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terça-feira, 2 de novembro de 2010

A perseguição aos árabes não-islâmicos no #Iraque #arabworld #catolicos #finados #cristianofobia

Em postagens anteriores, comentei o processo de cristianofobia no mundo islâmico e como ser árabe não significa, necessariamente, ser muçulmano. Pois bem, mal o assunto foi abordado, mal o Papa Bento XVI encerreu um sínodo (uma reunião consultiva da Igreja) com bispos do Oriente-Médio para tratar da perseguição aos cristãos naquelas terras, passamos, do domingo até hoje, à chacina de 40 cristãos católicos, de rito siríaco, em uma igreja de Bagdá.

No que me parece um claro martírio (a morte por professar sua fé), o padre Taher Saadallah Boutros foi o primeiro a ser morto, já no domingo durante a missa, quando terroristas do grupo Estado Islâmico do Iraque, vinculado à Al Qaeda, invadiram a igreja de Nossa Senhora do Socorro e fizeram mais de 100 reféns.

Numa ação completamente desastrada, o Governo iraquiano decidiu invadir a igreja, nesta segunda-feira de Finados, e precipitou a morte dos fieis, além de sete agentes de polícia e cinco dos sequestradores. Foram 52 mortos, no total.

Os cristãos do Iraque pertencem a denominações de tempos bíblicos, como os caldeus e os assírios. Antes da guerra de 2003, havia cerca de 1 milhão de cristãos no país, agora são quase metade disso, como consequência das perseguições de grupos muçulmanos que em nada lembram os tempos de tolerância e convívio estabelecidos nos califados da primavera islâmica. Na Bagdá (que significa "Casa do Conhecimento") antiga, berço da primeira universidade do mundo, bem como no reinado de Saladino sobre a Terra Santa e na Andaluzia moura, a convivência e a troca de conhecimento entre muçulmanos, cristãos (necessariamente, católicos) e judeus dava-se de forma pacífica e proveitosa para todos.

Já em 2008, os ataques contra cristãos de diversos ritos custaram a vida de 40 pessoas e provocaram umêxodo na cidade iraquiana de Mosul. A nova Constituição do país reconhece os direitos de culto e ensino, mas estabelece também que "nenhuma lei poderá ir contra as regras do Islã". Ainda que a presença dos cristão seja muito anterior a dos muçulmanos, eles ficaram expostos aos defensores da jihad, que os consideram simpatizantes do Ocidente.

No início do ano, conheci uma professora da Universidade Nova York (NYU) que é judia iraquiana. Nasceu no Iraque, mas foi expulsa de lá com a família ainda criança. Em Israel, também sofreu com o preconceito de judeus de origem europeia, por ser uma judia de origem árabe. Enfim, uma história de perseguição por todos os lados, que merece ter fim. Mas isto é assunto pra outra postagem.

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