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domingo, 10 de outubro de 2010

#Recomendo a Exposição #Islã, no @CCBB_RJ #arabworld #feriado #árabes

O Centro Cultural Banco do Brasil do Rio apresenta, a partir de 12 de outubro (próxima terça-feira, o que é uma ótima pedida para o feriado) a exposição Islã, que traz mais de 300 obras e abrangem 13 séculos de arte islâmica – do século VIII ao início do XX. A mostra é composta por principalmente por peças da Síria (sob dominção turco-otomana) e do Irã, mas inclui também obras do norte da África, de países como Nigéria, Mali, Niger, Mauritânia, Marrocos, Líbia, Burkina Faso e da cultura Tuaregue, povos nômades do Saara, vindos dos acervos da BibliASPA (Biblioteca e Centro de Pesquisa América do Sul-Países Árabes) e do Acervo Casa das Áfricas. Não custa lembrar que as visitas ao CCBB são gratuitas.

“Para ilustrar 13 séculos de uma civilização que conseguiu criar uma arte de caráter tão próprio e diverso, ao mesmo tempo com traços inconfundíveis de homogeneidade, foi negociado um conjunto de obras que abrangem um amplo leque de objetos úteis e decorativos, através dos quais é possível admirar o refinamento e os conceitos estéticos aplicados pelos artistas-artesãos em sua maioria anônima”, afirma o idealizador do projeto, Rodolfo Athayde.
 
“Islã” terá peças de ourivesaria, mobiliário, tapeçaria, vestuário, armas, armaduras, utensílios, mosaicos, cerâmicas, objetos de vidro, iluminuras, pinturas, caligrafia e instrumentos científicos e musicais.  A exposição é comemorativa dos 21 anos de aniversário do CCBB. 

Para Athayde, o interesse pela cultura islâmica é proporcional ao lugar que ela ocupa no panorama dos acontecimentos contemporâneos. Importantes espaços europeus – , como Caixa Fórum da Espanha, e o Instituto do Mundo Árabe, em Paris – fizeram recentemente mostras de arte islâmica. O Museu do Louvre se prepara para abrir galerias dedicadas ao tema em 2011. Nos Estados Unidos, o Museu de Boston e o LACMA de Los Angeles exibem importantes acervos recém-adquiridos, assim como Toronto, no Canadá, prepara a abertura do Museu Aga Khan.

“Nossa exposição no Brasil amplia esse circuito trazendo um acervo pouco visto internacionalmente e absolutamente inédito no Brasil”, diz Athayde, que divide a curadoria com o Prof. Dr. Paulo Daniel Farah – diretor da Biblioteca e Centro de Pesquisa América do Sul-Países Árabes (Bibliaspa).
 
Os acervos que compõe a exposição são provenientes dos mais importantes museus da Síria e do Irã: Museu Nacional de Damasco, do Palácio Azem (Museu das Tradições Populares) e Museu da Cidade de Aleppo, na Síria; e Museu Nacional do Irã, Museu Reza Abassi e Museu dos Tapetes, em Teerã. Virão ainda peças provenientes de países do norte da África, pertencentes aos acervos da BibliASPA (Biblioteca e Centro de Pesquisa América do Sul-Países Árabes) e do Acervo Casa das Áfricas.

A exposição, por salas
A mostra que será apresentada no CCBB do Rio de Janeiro, e que vai a itinerar pelos CCBBs de São Paulo e Brasília, está organizada por salas temáticas e ao mesmo tempo respeita um sentido cronológico, sem se submeter ao rigor temporal.  A idéia é proporcionar um passeio por um período de 13 séculos pela historia da cultura islâmica, que nasce na da Península Arábica e se expande com uma velocidade histórica incomum, até dominar um vasto território, que foi da península Ibérica até o pé dos Himalaias, absorvendo e sincretizando culturas diversas dos povos conquistados ou convertidos. As salas terão a paleta típica da arte do Islã, nas cores verde e azul (no mesmo tom que originou os azulejos portugueses).

Térreo
Na cenografia do térreo do CCBB serão usados padrões retirados do nicho direito da Grande Mesquita de Damasco (Omíadas), que é um marco da primeira etapa da arte islâmica, decorada sob influência bizantina. A Grande Mesquita foi construída entre 706 e 715 pelo Califa Al-Walid, que mandou vir operários bizantinos para manter o estilo existente na igreja sobre a qual foi construída a mesquita.  Será criado, na rotunda do CCBB, um típico pátio interno da arquitetura islâmica, onde se verá um chafariz, e a marca da exposição “Islã”, criada pela designer Bete Esteves com base na caligrafia árabe.

Primeiro andar
Um portão cenográfico da arquitetura muçulmana receberá o visitante na entrada da exposição, em uma sala que terá um caráter introdutório ao universo da cultura islâmica.  Diferentes mapas contarão os períodos de expansão territorial do Islã, acompanhados de uma linha do tempo que percorre do século VII ao século XX, destacando os mais importantes acontecimentos históricos vinculados ao mundo islâmico. Alguns objetos selecionados destacarão para o público  o conteúdo do  restante da exposição.
 
Uma pequena sala de passagem mostrará plantas arquitetônicas das mais importantes mesquitas, como a Mesquita dos Omíadas em Damasco, a Mesquita da Rocha, em Jerusalém, entre outras, e azulejos históricos serão recriados, e ressaltada a estrutura básica dos seus padrões.
 
A seguir, a sala dominada pelo trabalho em pedra, que começa com fragmentos originais do Palacio Al Gharbi, na Síria, onde nos primórdios da arte islâmica é possível identificar as influências greco-latinas, e será possível ver peças do século VIII e vitrines com objetos de cerâmica e vidro, de períodos do séc.VII ao XIII, como uma lâmpada de azeite em forma de cabra de porcelana azul e outras pequenas lâmpadas de azeite em cerâmica azul esmaltada.  O fundo da sala é dominado por uma peça de madeira maciça com inscrições, usada como parte de uma barreira no séc. XI.
 
A viagem ao interior do Islã segue por uma pequena sala que guarda a Miniatura de Shahnameh e outros desenhos similares cuidadosamente ilustrados com textos que narram histórias do séc. XV, que pertenceram à livraria Real de Teerã, e uma série de objetos científicos como o astrolábio plano proveniente do Palácio Golestan em Teerã, ou o curioso astrolábio esférico de Isfahan, do século XI, que representa um globo celeste. Estas peças se relacionam com um painel sobre o saber no mundo islâmico: as aventuras da Casa do Saber criada em Bagdá no séc. IX, os feitos do filósofo e médico Avicena, o resgate de Aristóteles pelo filósofo andaluz Averroes, entre outras mentes brilhantes que fizeram florescer essa civilização. Um cofre guardará os tesouros da ourivesaria, com jóias da Síria do séc. XI, como os brincos de ouro em forma de pássaros, jóias do Irã, pratas dos Tuaregues do deserto e uma exclusiva coleção de moedas antigas de várias épocas, que vai do período Omíadas ao Império Otomano.
 
Depois surge a sala da palavra e a escrita, pois “sem escrita não há arte, nem sequer Islã, sem o valor transcendental da palavra e sua materialização, a escrita”, observa Athayde. Esta sala receberá o visitante com uma coleção de livros entre Alcorões e outros exemplares que mostram a arte da caligrafia árabe na sua complexidade e riqueza.  Um antigo exemplar de uma página de Alcorão em letras Kuficas, escrito sobre pele de gazela, divide a atenção com as páginas douradas de outro Alcorão do séc XVII, e um tecido bordado em ouro, que repete o padrão de uma “Sura” (versículo do Alcorão), vindo do Irã do século XVII.  Há ainda uma pequena pedra com inscrições em árabe, talvez um dos mais antigos testemunhos da língua  árabe, datada do séc. VIII, do período Omíada, na Síria.  Tábuas de escritura tuaregues e objetos para talhar e escrever também estão nesta sala, em que tudo gira em torno da palavra, essencial a uma cultura letrada, “onde o sagrado Alcorão é a própria palavra de Deus”.
 
A sala a seguir se distingue pelos famosos tapetes persas, arte popular levada ao máximo requinte, que ainda sobrevive em cidades como Tabriz e Isfahan.  São tapetes de várias épocas, alguns deles típicos tapetes de oração, que dividem os espaço com vitrines que exibem trabalhos em metal e um nicho dominado por uma armadura de cota de malha de ferro do séc XII, usada na época dos Cruzados, “quem sabe numa batalha das batalhas que o grande Saladino lutou pela conquista da Terra Santa”. Uma vitrine central é dedicada à típica cerâmica azul, comum em todo o mundo islâmico.
 
A última sala nos leva ao interior do palácio Azem, residência do Paxá, governador da Síria durante o período Otomano, o último dos grandes impérios muçulmanos. Destaque para o mobiliário de poltronas e o baú crivados de madrepérolas, artesanato típico da Síria, e para as roupas que ocupam o centro da sala, assim como instrumentos musicais que são obras de arte do século XIX, fetos pelo mais famoso luthier da Síria na época.

Ciclo de debates
Haverá ainda um ciclo de debates com convidados internacionais, representantes dos museus envolvidos na exposição, e autoridades nacionais que tratarão de temas como a importância da civilização islâmica no contexto mundial, suas contribuições em diversas áreas do conhecimento, o desenvolvimento científico e as manifestações artísticas de localidades onde é expressiva a presença dessa religião. Esses debates tratarão também temas como o papel histórico da comunidade muçulmana e árabe no Brasil, desde a época do Império até a atualidade

Serviço
Data: 12 de outubro a 26 de dezembro
Horário: Terça a domingo, das 9h às 21h
Local: Sala A, Contemporânea - 2º andar | Rua Primeiro de Março, 66 - Centro
Agendamento de visitas monitoradas: Segunda a sexta, das 9h às 18h | Telefones: (21) 3808-2070 e 3808-2254

 

Postado por Thyago Mathias, a partir do site do ICÁrabe

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