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domingo, 23 de agosto de 2009

Clipe de domigo: "Frevo no. 2 do Recife", com Maria Bethânia

Trecho do documentário Saravah, de 1969, produzido pelo francês Pierre Barrouh.


Publicado por Thyago Mathias

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

A China conquista fontes de energia

A parte ocidental do mundo precisa abrir o olho!
Esta matéria do correspondente do jornal francês Le Monde em Pequim traçça um panorama bem atual da avidez chinesa por energia. Mais do que comprar empresas, antigas irmãs, gigantes do capitalismo ocidental, entretanto, a China tem investido, desde a virada do século, em campos de exploração e terras africanas. Ali, além de prospectar petróleo, dominam o cultivo da jatropha africana (vegetal que oferece melhor custo-benefício do que a cana-de-açúcar na produção de biocombustível) e de alimentos que vão abastacer seu bilhão e meio de consumidores.

Foi-se o tempo em que a África era considerada região de influência européia. Para ver o dominínio que a novíssima "colonização" chinesa tem exercido, basta examinar o mapa acima.


Do Le Monde
Brice Pedroletti, com tradução de Lana Lim

Há alguns meses os gigantes chineses da energia e dos recursos naturais são tomados por um novo frenesi de compras, alimentado pela crise financeira mundial e pela recuperação da economia chinesa, favorecida por um megaplano de retomada, que abriu todas as comportas de créditos.

Cerca de US$ 13,4 bilhões (R$ 25 bilhões) em contratos foram anunciados - mas não necessariamente confirmados - desde o início do ano somente no setor de hidrocarbonetos, segundo a consultoria britânica Dealogic, ou seja, 22% a mais do que há um ano. E isso sem contar a última operação em processo de discussão: a compra dos 84% da espanhola Repsol YPF dentro da YPF, a principal petroleira argentina, por US$ 17 bilhões, por uma dupla de petroleiras chinesas, a CNPC e a Cnooc.

O avanço das negociações, revelado pela agência de informações financeiras Dow Jones no fim de julho, ainda não foi alvo de comentários oficiais. No entanto o negócio está longe de ser concluído, apesar do endividamento da Repsol YPF: o governo argentino, que não tem parte na YPF, na verdade dispõe de um direito de veto. Em 2008, o governo espanhol já havia bloqueado a venda de 20% da Repsol YPF à russa Gazprom. E em fevereiro a chinesa Sinopec também havia tentado, em vão, adquirir 20% da Repsol YPF. Mas se a compra da YPF se concretizar, será o maior investimento chinês no exterior de todos os tempos.

Um sucesso chinês na Argentina poderia abrir uma porta que até agora manteve os chineses à distância de ativos muito "chamativos" por seu peso e pela carga patriótica que lhes é associada: em 2005 a Cnooc teve de retirar sua oferta de US$ 18,5 bilhões pela petroleira americana Unocal por causa de reações muito negativas que esse projeto suscitou nos Estados Unidos.

Mesmas dificuldades para a Chinalco, que teve de desistir, em junho, de dobrar sua participação na Rio Tinto, em grande parte por causa de considerações políticas: a gigante do alumínio chinês deve por enquanto se satisfazer com os 9% adquiridos, em fevereiro de 2008, por US$ 14 bilhões, da mineradora australiana.

Mas tudo caminha no sentindo de um maior papel dos chineses na corrida pelos ativos de energia e minérios através do mundo: ao mostrar a vulnerabilidade de seus investimentos financeiros em títulos do Tesouro americano, a crise financeira mundial tornou ainda mais atraentes os investimentos diretos no exterior para a reciclagem de cerca de US$ 2 trilhões de reservas monetárias chinesas. A energia e os recursos naturais, dos quais a China precisa em quantidades colossais, são alvos preferenciais.

Entrada na aristocracia
Por fim, os chineses reconhecem que seria bobagem não aproveitar um mercado favorável aos compradores. "A crise nos oferece oportunidades sem precedentes", declarou recentemente, ao "China Daily", um executivo da CNPC questionado sobre os negócios da petroleira chinesa, presente em 29 países.

A lista de aquisições ou de acordos assinados nos últimos meses pelas companhias chinesas mostra diversas mudanças, segundo os analistas. Apesar de os três grupos petroleiros, que são todos controlados afinal pelo Estado, terem competido muitas vezes uns com os outros no passado, eles não relutam mais em juntar forças: é o caso da oferta pela YPF, que reúne a CNPC e a Cnooc, especializada originalmente na exploração no exterior. Ou ainda, em julho, da compra pela Sinopec e pela Cnooc de um bloco em Angola da americana Marathon Oil, por US$ 1,3 bilhão.

Cada vez mais, as companhias chinesas se associam a parceiros estrangeiros, sinal de sua crescente aceitação pela aristocracia do petróleo: em junho, foi ao lado da BP que a CNPC conseguiu, disputando com a ExxonMobil, a exploração do campo petroleiro de Rumalia no Iraque. A Shell, por sua vez, entrou na disputa ao lado da Sinopec e da CNPC, por outro dos campos oferecidos, de Kirkuk.

Na Venezuela, a CNPC colabora com a Total para obter dois blocos petrolíferos e a construção de instalações para o tratamento de petróleo cru pesado. Os resultados da licitação, esperados para 14 de agosto, foram adiados.

Os grupos estrangeiros conseguem muitas vantagens com essa cooperação: eles aproveitam as capacidades de financiamento chinesas, economizam graças ao baixo custo da mão de obra, e esperam novos contratos na China.

A administração mais racional da política energética chinesa é o resultado direto do estabelecimento, em julho de 2008, de uma espécie de super-ministério da Energia, a National Energy Administration (NEA), ligada à Agência de Planejamento. Entretanto, segundo alguns analistas, Pequim às vezes paga um preço alto: a oferta da Sinopec pela suíça Addax Petroleum, de US$ 7,2 bilhões em junho, representava um bônus de 47% sobre a cotação da sociedade, bem mais do que o oferecido pelo seu concorrente coreano.

Publicado por Thyago Mathias

Guardem as caras desses dois


Flavio Arns e Marina Silva.
Guardem as caras, os nomes e os números com que concorrerão nas próximas eleições. A ideia é votar neles, claro!

Diante de toda a falta de vergonha daqueles que "se lixam para a opinião pública" em busca de um plano de poder que, há muito, abandonou qualquer ideologia, um teve coragem de pedir desculpas e dizer que tinha vergonha e a outra teve audácia para dizer que "as instituições precisam das pessoas, das suas virtudes, do seu empenho para serem virtuosas". Pois bem, para manter a coerência de ser uma pessoa virtuosa, os dois foram os únicos que tomaram a única opção ética cabível: sair do PT (Partido dos Trabalhadores?), não importa que consequência isso tenha sobre seus atuais mandatos no Senado.

Para saber o que aconteceu (se você, incrivelmente, ainda não sabe!) vale conferir as notícias: Decisão do Conselho de Ética a favor de Sarney gera crise na bancada do PT. Flávio Arns anuncia que vai deixar o partido e Marina Silva anuncia saída do PT e diz que negociará, a partir de agora, ida para o PV, publicada no Globonline.

Publicado por Thyago Mathias

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Obituário: Reader's Digest vai à falência nos Estados Unidos

Ufa! Poderia ir já tarde, mas parece que essa revista (?) vai continuar suas operações na América Latina e no mundo, exceto pelos Estados Unidos. Por lá, a Reader's Digest Association solicitou judicialmente a proteção do Capítulo 11 para falência. Todos os membros do Conselho pediram demissão, com exceção da presidente Mary Berner.

Embora nunca seja um final feliz a derrocada de um veículo de comunicação que emprega e repercute, não dá pra esperar muita coisa dessa revista. Conhecida no Brasil pelo nome de Revista Seleções, ela nunca passou de um amontoado de piadas sem graça e causos que pouco têm a ver com o Brasil e muito reverberam os possíveis valores da fatia mais sem graça e vazia da sociedade norte-americana.

Publicado por Thyago Mathias

O auge das religiões?

Do Clarin, em 14/08
Sergio Rubin

Ao contrário dos que prognosticavam que o progresso científico provocaria uma paulatina eliminação das religiões, o que se vê é coisa diferente, confirmada em cuidadoso estudo, do grupo La Vie e do jornal Le Monde. O Atlas das Religiões projeta o crescimento das principais religiões até 2050. O cristianismo passará dos 1,75 bilhões de pessoas em 1990, pra 3 bilhões, continuando como a primeira religião. Os muçulmanos, que eram 962 milhões e hoje são 1,2 bilhões, serão os que mais crescerão proporcionalmente e alcançarão 2,2 bilhões. Os hindus, 686 milhões em 1990, serão 1,2 bilhões e os budistas passarão de 325 milhões a 425. Os judeus de 13 a 17 milhões.

O cristianismo muda no mapa mundial, por seu deslocamento ao sul. Europa por séculos sua grande base, hoje representa 25% (com 280 milhões de católicos, 100 milhões de evangélicos e 150 milhões de ortodoxos). Em 2050 não serão mais que 16%. A grande maioria dos cristãos está no novo mundo. São 275 milhões no EUA/Canadá e 530 milhões na área latina. Os evangélicos crescem espetacularmente e já são 65 milhões.

O Islã é a comunidade religiosa que mais se expande. Oliver Roy diz que o mundo muçulmano já não é percebido como um território com fronteiras a serem defendidas, mas como uma comunidade mundial. A maioria dos muçulmanos não vive no Oriente Médio, mas na Ásia (dois terços). Quatro países têm metade dos islâmicos: Indonésia (o maior país muçulmano), Paquistão, Índia e Bangladesh. Na África, 1/3 dos habitantes são muçulmanos (46% na África Ocidental, 30% na Oriental e uns 2% na Central e Austral). Na Europa vivem 16 milhões de muçulmanos e no EUA, 4 milhões.

Na Índia 83% da população professa o hinduísmo. O judaísmo com 14 milhões de pessoas enfrenta problemas por sua lei dizer que é judeu o filho de mãe judia. Os casamentos mistos explicam isso. Rússia e Vietnam (vive uma explosão de religiosidade) são outros exemplos de crescimento da religião.

Publicado por Thyago Mathias

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Suporte vs. Conteúdo: o sucesso de hoje e o de amanhã

Twitters, Facebooks e outros sucessos recentes da Internet não produzem conteúdo, mas oferecem suporte para as mensagens, fotos, vídeos e todo material, publicamente relevante ou não, alimentado pelos próprios usuários. Enquanto isso, manter uma estrutura de apuração, produção e edição custa caro e não parece ter oferecido, ao menos por enquanto, retorno suficiente para que se concentrem na oferta de conteúdo - e não na de suportes - as atenções do mercado.

Bom, isso pode estar prestes a mudar. Para entender o porquê, uma das fontes pode ser o artigo da jornalista Milagros Pérez Oliva, publicada no jornal El País, no final de julho, que, entre outras coisas, examina a "redação multimídia" do periódico britânico The Daily Telegraph:

A imprensa escrita não está morta, pode ainda ter uma vida longa, mas o futuro definitivamente é digital. Este poderia ser o resumo de uma série de debates de que participei nas últimas duas semanas na Universidade de Santander, Universidade de León e no Colégio de Jornalistas da Catalunha. Em todos eles se discutia a crise da mídia escrita e as inquietantes incógnitas que dizem respeito sobre o futuro do jornalismo, uma questão que preocupa as redações.

Assim como em outros jornais, o El País se encontra atualmente envolvido em uma mudança estratégica para se adaptar às enormes possibilidades oferecidas pelas novas tecnologias. As mudanças organizativas e tecnológicas abrem grandes oportunidades, mas também certos riscos. A mais importante dessas mudanças é a integração das duas redações, do jornal impresso e do digital, que há anos não apenas trabalhavam em separado, como pertenciam a diferentes empresas do grupo.

A redação multimídia irá fornecer conteúdo em diferentes suportes. O que confere gravidade e incerteza a atual situação da mídia escrita é a coincidência de pelo menos três crises que operam de forma simultânea: a crise econômica em geral que levou a uma queda sem precedentes nas receitas publicitárias; uma crise do modelo industrial e tecnológico, o que nos obriga a repensar não apenas o formato do jornal, mas a organização do trabalho jornalístico, e uma crise que afeta a credibilidade do jornalismo em geral, e nos últimos anos levou a um intenso debate.

A migração dos leitores para o formato digital não está sendo acompanhada pela correspondente migração em relação à publicidade. Na verdade a edição digital não seria rentável se tivessem que produzir por si mesmos o conteúdo que é fornecido pela edição impressa. Na prática, os leitores que compram diariamente o jornal estão subvencionando os leitores que acessam o jornal digital de forma gratuita. A combinação destas crises está dando lugar a muitos paradoxos. O primeiro é que, em uma sociedade acelerada e permanentemente preocupada em antecipar o futuro, dispor de informação confiável e de qualidade é mais importante do nunca.

Neste momento são mais lucrativas as empresas tecnológicas que proporcionam novos suportes e acessos, do que aquelas que produzem os conteúdos. Isso não parece ser sustentável. Apesar das incertezas, todos concordam que o futuro está no máximo desenvolvimento do conteúdo digital. Os jornais mais inovadores já começaram a transição para um novo modelo de produção que converte fornecedores de conteúdo em suportes de múltiplas mídias (papel, computador, telefone, livro eletrônico, televisão, etc.) e múltiplas formas (impressa, áudio, vídeo).

Jornais como o The New York Times, The Guardian e The Washington Post estão avançando no processo de integração de suas redações por diferentes maneiras, mas é o The Daily Telegraph o que parece ter chegado mais longe na criação de uma redação multimídia preparada para oferecer conteúdos em todos os meios de comunicação. Dar a notícia o mais cedo possível converte-se num imperativo categórico, o qual pode afetar à qualidade da informação se não forem estabelecidos mecanismos de controle de qualidade ágeis, mas também muito severos para compensar a incerteza que a pressa representa no jornalismo.

Assim, os jornais que devido à crise econômica preferiram dispensar os profissionais veteranos para reduzir custos, talvez sintam falta deles em breve.

Publicado por Thyago Mathias

domingo, 16 de agosto de 2009

Uma reflexão de Oscar Arias: "Algo hicimos mal"

Palavras do Presidente da Costa Rica e prêmio Nobel da Paz (1987) Oscar Arias na Cúpula das Américas em Trinidad e Tobago, 18 de abril de 2009.

"Tenho a impressão de que cada vez que os países caribenhos e latino-americanos se reúnem com o presidente dos Estados Unidos da América, é para pedir-lhe coisas ou para reclamar coisas. Quase sempre, é para culpar os Estados Unidos de nossos males passados, presentes e futuros. Não creio que isso seja de todo justo.

Não podemos esquecer que a América Latina teve universidades antes de que os Estados Unidos criassem Harvard e William & Mary, que são as primeiras universidades desse país. Não podemos esquecer que nesse continente, como no mundo inteiro, pelo menos até 1750 todos os americanos eram mais ou menos iguais: todos eram pobres.

Ao aparecer a Revolução Industrial na Inglaterra, outros países sobem nesse vagão: Alemanha, França, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e aqui a Revolução Industrial passou pela América Latina como um cometa, e não nos demos conta. Certamente perdemos a oportunidade.

Há também uma diferença muito grande. Lendo a história da América Latina, comparada com a história dos Estados Unidos, compreende-se que a América Latina não teve um John Winthrop espanhol, nem português, que viesse com a Bíblia em sua mão disposto a construir uma Cidade sobre uma Colina, uma cidade que brilhasse, como foi a pretensão dos peregrinos que chegaram aos Estados Unidos.

Faz 50 anos, o México era mais rico que Portugal. Em 1950, um país como o Brasil tinha uma renda per capita mais elevada que o da Coréia do Sul. Faz 60 anos, Honduras tinha mais riqueza per capita que Cingapura, e hoje Cingapura em questão de 35 a 40 anos é um país com $40.000 de renda anual por habitante.

Bem, algo nós fizemos mal, os latino-americanos. Que fizemos errado? Nem posso enumerar todas as coisas que fizemos mal.

Para começar, temos uma escolaridade de 7 anos. Essa é a escolaridade média da América Latina e não é o caso da maioria dos países asiáticos. Certamente não é o caso de países como Estados Unidos e Canadá, com a melhor educação do mundo, similar à dos europeus. De cada 10 estudantes que ingressam no nível secundário na América Latina, em alguns países, só um termina esse nível secundário.

Há países que têm uma mortalidade infantil de 50 crianças por cada mil, quando a média nos países asiáticos mais avançados é de 8, 9 ou 10.

Nós temos países onde a carga tributária é de 12% do produto interno bruto e não é responsabilidade de ninguém, exceto nossa, que não cobremos dinheiro das pessoas mais ricas dos nossos países. Ninguém tem a culpa disso, a não ser nós mesmos.

Em 1950, cada cidadão norte-americano era quatro vezes mais rico que um cidadão latino-americano. Hoje em dia, um cidadão norte-americano é 10, 15 ou 20 vezes mais rico que um latino-americano. Isso não é culpa dos Estados Unidos, é culpa nossa.

No meu pronunciamento desta manhã, me referi a um fato que para mim é grotesco e que somente demonstra que o sistema de valores do século XX, que parece ser o que estamos pondo em prática também no século XXI, é um sistema de valores equivocado. Porque não pode ser que o mundo rico dedique 100.000 milhões de dólares para aliviar a pobreza dos 80% da população do mundo "num planeta que tem 2.500 milhões de seres humanos com uma renda de $2 por dia" e que gaste 13 vezes mais ($1.300.000.000.000) em armas e soldados.

Como disse esta manhã, não pode ser que a América Latina gaste $50.000 milhões em armas e soldados. Eu me pergunto: quem é o nosso inimigo?

Nosso inimigo, presidente Correa, desta desigualdade que o Sr. aponta com muita razão, é a falta de educação; é o analfabetismo; é que não gastamos na saúde de nosso povo; que não criamos a infra-estrutura necessária, os caminhos, as estradas, os portos, os aeroportos; que não estamos dedicando os recursos necessários para deter a degradação do meio ambiente; é a desigualdade de que temos que nos envergonhar realmente; é produto, entre muitas outras coisas, certamente, de que não estamos educando nossos filhos e nossas filhas.

Vá alguém a uma universidade latino-americana e parece no entanto que estamos nos anos sessenta, setenta ou oitenta. Parece que nos esquecemos de que em 9 de novembro de 1989 aconteceu algo de muito importante, ao cair o Muro de Berlim, e que o mundo mudou.

Temos que aceitar que este é um mundo diferente, e nisso francamente penso que os acadêmicos, que toda gente pensante, que todos os economistas, que todos os historiadores, quase concordam que o século XXI é um século dos asiáticos não dos latino-americanos. E eu, lamentavelmente, concordo com eles.

Porque enquanto nós continuamos discutindo sobre ideologias, continuamos discutindo sobre todos os "ismos" (qual é o melhor? capitalismo, socialismo, comunismo, liberalismo, neoliberalismo, socialcristianismo....), os asiáticos encontraram um "ismo" muito realista para o século XXI e o final do século XX, que é o *pragmatismo*.

Para só citar um exemplo, recordemos que quando Deng Xiaoping visitou Cingapura e a Coréia do Sul, depois de ter-se dado conta de que seus próprios vizinhos estavam enriquecendo de uma maneira muito acelerada, regressou a Pequim e disse aos velhos camaradas maoístas que o haviam acompanhado na Grande Marcha: "Bem, a verdade, queridos camaradas, é que a mim não importa se o gato é branco ou negro, só o que me interessa é que cace ratos". E se Mao estivesse vivo, teria morrido de novo quando (o Deng) disse que "a verdade é que enriquecer é glorioso".

E enquanto os chineses fazem isso, e desde 1979 até hoje crescem a 11%, 12% ou 13%, e tiraram 300 milhões de habitantes da pobreza, nós continuamos discutindo sobre ideologias que devíamos ter enterrado há muito tempo atrás. A boa notícia é que isto Deng Xiaoping o conseguiu quando tinha 74 anos. Olhando em volta, queridos presidentes, não vejo ninguém que esteja perto dos 74 anos. Por isso só lhes peço que não esperemos completá-los para fazer as mudanças que temos que fazer.

Muchas gracias."

Publicado por Thyago Mathias

Jornal Nacional - igreja Universal

Nem mesmo as fogueiras santas foram capazes de tornar as madrugadas da Record mais quentes. Na última noite, um programa da credibilidade e seriedade de Fala que eu te escuto entraram na briga Record vs. Globo para pregar o que já era previsível e o que era notório pra quem frequenta os cultos de libertação do capeta e outros encostos promovidos no templo da IURD em Del Castilho.

A ideia, agora, é bloquear a Globo. Mudar de canal. Ignorá-la. Boicotá-la, enfim, de todas as maneiras possíveis, enquanto esperamos o dia em que ônibus saídos daquele mesmo templo agigantado leve uma multidão de fieis à sede global no Jardim Botânico para, primeiro, promover abraçá-lo em uma sessão coletiva de descarrego e, depois, se não adiantar, mandar queimá-lo de fato.


Publicado por Thyago Mathias

Desmascarando a igreja Universal (1.1)

Este foi, por enquanto, o último capítulo por parte do Jornal Nacional:


Enquanto isso, o vídeo em que o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus, condenava a guerra midiática e a corrupção moral da igreja Universal e da Rede Record voltou como hit da Internet.

"Como é que uma igreja investe milhões numa TV só pra ganhar audiência? Todo tipo de imoralidade numa TV bancada com dinheiro de oferta e de dízimo?", diz Malafaia durante o vídeo.

"Eu estou aqui abismado, e a igreja evangélica está sendo botada em uma guerra em que nós não temos nada com isso. Lá atrás, quando eu defendi vocês, nós tínhamos um ideal, porque a outra emissora era imoral, era contra a família, e qual é a diferença hoje?", continua o pastor.

Malafaia ainda aproveitou o vídeo para mandar um recado pessoal para Edir Macedo, líder da Universal. "Vou te dizer... Lúcifer, Satanás... Eles caíram por três motivos, irmão: soberba, multiplicação do seu comércio e poder. Estou vendo a história se repetir com vocês."



Publicado por Thyago Mathias

sábado, 15 de agosto de 2009

Desmascarando a igreja Universal (0.8 e 0.9)

Para entender a origem da guerra entre Comunicação e Religião que se instalou a partir da disputa de audiência entre as duas principais emissoras de TV do país!

Os dois vídeos mostram o início da cobertura jornalística no Jornal Nacional, que pode até não ser isenta, mas certamente se apóia em fatos do presente e levados à Justiça. Aliás, não está só na Globo não. Está na Globo, no Estadão, na Veja, na Folha de S. Paulo e em todos os órgãos de imprensa com uma história respeitável neste país.



Jornal Nacional do dia 11 de agosto de 2008


Jornal Nacional do dia 12 de agosto de 2008

Publicado por Thyago Mathiasão e fé, Ações e repercussões,

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

91% de aprovação: Mas quem é rei, não precisa de pesquisa de opinião

Da revista Isto é
Luiza Villaméa

Desde que ascendeu ao trono do Marrocos, o rei Mohammed VI vem liderando um processo gradativo e contínuo de mudanças. A mais visível delas afetou diretamente as mulheres, que ganharam o direito ao divórcio e, na legislação, deixaram de ser consideradas inferiores aos homens. Por iniciativa do monarca, a poligamia também foi banida do país. Aos 45 anos, Mohammed VI planejou comemorar com pompa e circunstância sua primeira década de reinado, recém-completada. Antes de começar os festejos, concedeu indulto a 40% da população carcerária do país, medida que beneficiou quase 25 mil pessoas. No auge da festa, durante o tradicional discurso do trono, ele se declarou empenhado em continuar sua política de modernização e antecipou que pretendia realizar uma "profunda reforma da Justiça". Aclamado nas ruas - onde chegou a desfilar a cavalo -, Mohammed VI mostrou uma outra faceta quando ousaram fazer uma pesquisa sobre o seu reinado.

O triste fim da festa real ocorreu na manhã do sábado 1o de julho, quando a polícia invadiu em Casablanca a gráfica que acabava de imprimir a revista marroquina "TelQuel", editada em francês, e sua versão em árabe, a "Nichane". Cem mil exemplares das publicações foram apreendidos e destruídos porque, esclarece nota do Ministério do Interior, é proibido "atentar contra a religião muçulmana, a monarquia e a integridade territorial". Diante da repercussão da medida, o ministro da Comunicação, Khalid Naciri, não demorou a deixar ainda mais clara a posição do governo. "A monarquia não pode ser objeto de debate nem por meio de sondagem", afirmou Naciri.

Ninguém nem sequer discutiu os resultados da pesquisa, altamente favoráveis a Mohammed VI. De acordo com levantamento feito pelo LMS-CSA, filial marroquina do instituto de pesquisas francês CSA, 91% dos entrevistados classificam os dez anos do reinado de forma positiva ou muito positiva. No país, com 32,4 milhões de habitantes, 75% dos entrevistados têm como sagrada a figura do monarca, que é considerado descendente direto de Maomé. Em relação à economia do Marrocos, que vem crescendo a um ritmo entre 4% e 5% desde que Mohammed VI assumiu o poder, também não há críticas, embora o próprio rei tenha como uma de suas metas diminuir a desigualdade social entre os súditos.

Para 83% dos entrevistados, os negócios privados do monarca, que correspondem a 6% do produto interno bruto do país, favorecem a economia marroquina. Em sintonia com as riquezas naturais do país, que abriga dois terços das minas de fosfato do mundo, Mohammed VI investe principalmente na extração e exportação do produto, fundamental para a produção de fertilizantes agrícolas. Formado em direito e em relações internacionais, com doutorado pela universidade francesa de Nice, Mohammed VI nunca fala sobre fosfato. A venda do produto, no entanto, garante a ele o sétimo lugar no ranking da "Forbes" entre os mais ricos da realeza (leia quadro). E, no ano passado, quando todos amargavam em milhões seus prejuízos por causa da crise econômica mundial, o monarca marroquino foi o único do grupo a aumentar sua fortuna - de US$ 1 bilhão para US$ 2,5 bilhões - devido à venda de commodities.

O ponto que registra maior discordância entre o rei e seus súditos é justamente o mais caro a Mohammed VI: o novo código da família (Moudawana), aprovado em 2004, que confere maior liberdade às mulheres. Na contramão do formidável patamar de aprovação geral do monarca, a metade dos entrevistados acredita que ele foi longe demais na liberação feminina, enquanto só 16% defendem que ele avance mais na concessão de direitos às mulheres. Esses resultados foram publicados pelo jornal francês "Le Monde", que tinha parceria com as publicações marroquinas na contratação da pesquisa e também teve a circulação proibida no reino. O site da "TelQuel", por sua vez, anuncia apenas estar sob censura. Na capa original, Mohammed VI aparece em trajes ocidentais, com um título que provocou sua indignação: "O povo julga seu rei".

Essa foi a primeira pesquisa sobre um governante no Marrocos desde 1956, quando o país tornou-se independente da França e, na sequência, o avô de Mohammed VI proclamou-se rei. Cinco anos depois, o pai do atual monarca assumiu o trono e adotou poderes ditatoriais. Quando morreu, em 1999, as masmorras marroquinas somavam oito mil prisioneiros políticos. Mohammed VI libertou todos eles e imprimiu um caráter mais democrático à sociedade. Sua mulher, Kalla Salma, engenheira por formação, até aparece em público, algo que jamais ocorreu com sua mãe. Como o pai, até a semana passada ele aparentemente era irredutível só com os separatistas do Saara Ocidental, que têm o apoio da vizinha Argélia. O cenário mudou.

Publicado por Thyago Mathias

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Desmascarando a igreja Universal (1)



Ninguém é completamente inocente nesta história, mas ver a igreja do Edir Macedo e seus asseclas utilizando a Ana Paula Padrão para se defender e ainda mostrar seus "pastores" voando em jatos de luxo, como se isso fosse a coisa mais normal, pareceu cinismo demais pra mim. Permaneço enojado.

De qualquer maneira, muitos vídeos já desmascararam a turma do Edir e até hoje... o que aconteceu? Nada? É, parece que não. O faturamento deles já chegou a uma média de 2 bilhões de reais por ano e a maioria das pessoas que contribuem pra isso nem sonham em saber o que é um jatinho e se ele é realmente necessário pra levar a palavra da seita para o interior do país...

Enfim, em um país acossado por Sarneys e Dilmas, onde Collors e Renans posam como galardões da verdade e uma ministra está cansada de ser pega na mentira (currículo Lattes, reuniões secretas, bancos de dados do FHC), tudo parece normal. Acho que 1984 nunca esteve tão presente. É a novilíngua! E eu... tenho cada vez mais medo de achar que eles todos falam a verdade. Parece que sou eu mesmo que vivo de mentiras... o que é verdade e o que é mentira? Já não se sabe mais.

Publicado por Thyago Mathias

domingo, 9 de agosto de 2009

Dilma, tremei...

Da coluna de Elio Gaspari, na Folha de S. Paulo

A ministra Dilma Rousseff colheu o que plantou. Tinha mestrado pela Unicamp, mas não tinha. Disse a um grupo de empresários paulistas que o governo coletava despesas de Fernando Henrique Cardoso ao tempo em que estivera no Planalto e, semanas depois, convenceu-se que tudo não passava de um 'banco de dados'.

Isso num governo em que não houve nada parecido com o mensalão, no qual José Sarney não é 'uma pessoa comum'.

Agora a ministra está numa enrascada. É a palavra dela contra a da ex-secretária da Receita Lina Vieira, bacharel em direito pelo Mackenzie de São Paulo, com 33 anos de serviço público.

Durante os 11 meses em que ela ficou no cargo, deixou uma frase inesquecível. Referindo-se aos festins de parcelamento e perdão de dívidas de sonegadores, disse que "o bom contribuinte se sente um otário".

Passado um mês de sua demissão, o governo ainda não ofereceu uma explicação que faça nexo e mereça respeito.

Numa entrevista aos repórteres Andreza Matais e Leonardo Souza, Lina Vieira disse que, no final do ano passado, a ministra Dilma perguntou-lhe 'se eu podia agilizar a fiscalização do filho do Sarney'.

A então secretária entendeu que a ministra estava interessada em 'encerrar' a investigação.

(Trata-se de uma blitz nas contas do Sarneystão, que já resultou 17 ações fiscais, atingindo 24 pessoas e empresas, entre elas Fernando Sarney, que já foi indiciado em inquérito da Polícia Federal. Não há notícia de que a Receita tenha lavrado alguma autuação como consequência dessa devassa).

Dilma Rousseff desmente: 'Encontrei com a secretária da Receita várias vezes e com outras pessoas junto em grandes reuniões. Essa reunião privada a que ela se refere, eu não tive'.

Uma das duas está mentindo. Caso para os sapos de Manuel Bandeiraa:

'Meu pai foi rei! Foi!'

'Não foi! Foi!'

A denúncia da ex-secretária ampara-se numa insinuação. Admitindo-se que houve o encontro e, nele, o pedido, 'agilizar' não significa 'encerrar'.

Tanto é assim que, em setembro de 2007, durante a administração do doutor Jorge Rachid, um juiz federal exigiu que a Receita apressasse seu trabalho. Como até hoje não se sabe por que Lina Vieira foi mandada embora, a insinuação merece o benefício da suspeita.

A ministra e a ex-secretária podem mostrar à choldra que farão um esforço para desmascarar a mentira. Por enquanto, falta base material ao testemunho de Lina Vieira.

Ela não lembra a data do encontro com Dilma Rousseff e acredita que poderá consultar suas agendas ao desencaixotar a mudança que mandou para o Rio Grande do Norte.

Tomara que consiga, porque o registro de encontros como esse faz parte da boa prática da administração pública. Fica combinado que não se pode exigir de Dilma Rousseff a prova de que não se encontrou com Lina Vieira.

Pela narrativa da ex-secretária, a conversa aconteceu no Palácio do Planalto. Mesmo na hipótese absurda de não haver registro em qualquer das duas agendas, haverá pelo menos algum vídeo da chegada de Lina Vieira à Casa Civil.

Ela conta que entrou pela garagem. Novamente, deve haver registro. O encontro, pedido pela secretária-executiva (põe executiva nisso) Erenice Guerra, deveria ser 'sigiloso'. Sigiloso é uma coisa, clandestino, bem outra".

Publicado por Thyago Mathias

Para além do verde

Da coluna de Míriam Leitão, em O Globo

Espaço existe. Pode aparecer uma candidatura ou um programa de governo que vão além da mesmice dos potenciais candidatos a presidente em 2010. Marina Silva pode ou não ser essa pessoa, mas, ao surgir, ajuda a vislumbrar como pode ser verde o eixo de uma campanha. Hoje, a questão ambiental virou climática, ganhou dramaticidade, urgência e transbordou. Foi além do verde.

Pode ser outra candidatura, ou uma transformação convincente de um atual candidato. Mas espaço existe. Hoje, o desafio posto sobre o planeta e sobre o Brasil é como construir a saída da crise ficando diferente; como injetar dinamismo na economia por mudar o modelo. Isso leva a programas transformadores e escolhas novas em todas as áreas. O desafio climático atingiu o patamar de dar coerência a um novo programa de desenvolvimento.

O desenvolvimentismo do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) tem vários problemas. O mais grave dele é ser velho. Ele ecoa ainda um "governar é abrir estradas", do mais remoto e arcaico Brasil; recorda a ideologia dos "projetos de impacto" do governo Médici. Não há, nunca houve, no programa de obras com o qual a possível candidata Dilma Rousseff pretende concretar sua subida pela rampa do Planalto, a menor sombra de atualidade. É impossível conciliar a esta altura o carro-chefe da ministra Dilma com o crescimento sustentável. Eles são opostos.

Um exemplo: a BR-319 tem sido defendida com o mesmo autoritarismo e falta de sentido da Transamazônica do governo militar. Não se sabe por que fazer a estrada, não se conhece estudo de modal alternativo, nem de viabilidade econômica. A ideia é apenas rasgar a floresta, num ponto nevrálgico, para levar as hordas de sempre de grileiros, especuladores, que abrirão novas cidades, que viverão dos repasses da União e repetirão a tragédia de atraso e violência. Está sendo usada a mesma técnica de pôr o Exército, como se fosse uma empreiteira, para tocar a obra enquanto a licença não vem. É a estratégia do fato consumado usada na transposição do Rio São Francisco. Dilma ainda vê o ambientalismo como inimigo a ser derrotado.

O dilema hamletiano da oposição tucana se agrava. O ser-não-sendo-candidato do governador de São Paulo, José Serra, tem vários defeitos. O pior deles é deixar espaço vazio, o que em política pode ser fatal. Se Serra tem uma ideia na cabeça, se ele tem um programa diferente, não se sabe. Ele vai disputar a mesma embalagem de bom gerente na qual se enrola a ministra da Casa Civil. Com uma vantagem: Serra já testou com sucesso o modelo da pessoa que faz acontecer em vários níveis de governo, em vários cargos. A Dilma é mais recente nesta vestimenta e tem contra si as evidências dos erros gerenciais do governo e as estatísticas de baixo desempenho do PAC. Se o candidato tucano for o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, ele também, até agora, mostrou que quer disputar o modelo do bom gerente com obras a apresentar. A grande divergência que Serra tem com o governo é a política cambial e monetária. A mesma que tinha quando as bases dessa política foram implantadas no governo tucano. Isso já era velho em 2002 e apequena qualquer campanha.

Houve um tempo em que o verde era apenas verde e o tema só fazia sucesso no gueto. Hoje, mudou radicalmente o conceito de progresso. Hoje, ele se desdobra em várias áreas: uma política externa que dará ao Brasil liderança na questão climática; uma política econômica de desenvolvimentismo moderno que mude a forma de produzir e usar energia; novas escolhas nos financiamentos públicos; na transformação da indústria. Significa ainda mudança de comportamentos; investimentos maciços em ciência e tecnologia; novos eixos da política de saúde pública; uma educação voltada para o que será exigido no futuro que começa agora, um mercado de trabalho que criará empregos ligados a novas tecnologias de energia e produção.

Uma proposta de governo que trate a questão climática-ambiental com a seriedade devida terá de enfrentar a falta de respeito à lei na Amazônia e isso será um avanço civilizatório. O combate ao atraso de uma parte do agronegócio abrirá novos mercados ao Brasil. O verde pode ser o veio central de uma proposta coerente em todas as áreas e atualizada com o que de mais moderno se conversa no mundo. O conhecimento do assunto se aprofundou tanto que os candidatos que usarem o nome da "sustentabilidade" em vão serão desmascarados como impostores. Não há clima para improvisos e maquiagem.

Se a senadora Marina Silva (PT-AC) for a candidata deste programa tem muito a fazer. Primeiro, precisa ir além da própria origem. Os passos que a levaram à militância política partiram do extrativismo. Isso é pequeno. Não dá nem para o começo da construção de um programa robusto. Precisará absorver o que está acontecendo no mundo e terá sim "enfrentamento". Inevitável. O Brasil atrasado e arcaico está em plena ofensiva contra o meio ambiente, como a própria senadora denunciou na aprovação da MP da grilagem. Não há composição possível com quem acha natural um programa decenal de energia que prevê 82 termelétricas a combustível fóssil. É preciso denunciar o que já caducou, contrariar interesses, enfrentar o velho.

Essa possibilidade pode não ser percebida pelos partidos que estão muito ocupados com as cenas de pugilato verbal e de degradação em que se transformou o ambiente político. Se a questão climática não tiver a atenção que merece, o Brasil terá uma campanha eleitoral, na segunda década do século XXI, discutindo ainda o século XX.

Publicado por Thyago Mathias