Faça aqui sua pesquisa:

sexta-feira, 3 de abril de 2009

NYT: Setor de TV se arrepende por programação gratuita na web

Notícia que já preocupa executivos de TVs brasileiras, do New York Times, em 30 de março:Nos últimos dois anos, o setor de televisão fez um grande esforço para ingressar no mercado da web, o que deu aos telespectadores a esperança de que um dia pudessem atingir o nirvana: todos os programas de TV já produzidos, disponíveis online para que sejam assistidos de graça. Mas muita gente no setor está questionando se programação exibida gratuitamente é um modelo sustentável. E alguns estão tentando garantir que as pessoas tenham motivo para continuar pagando suas salgadas contas de TV a cabo.

A Time Warner Cable, segunda maior operadora de cabos dos Estados Unidos, está trabalhando com alguns assinantes de Milwaukee para testar um modelo de assinatura para conteúdo de TV online. Os assinantes que pagarem pela HBO podem assistir Big Love, Entourage e outros programas em seus computadores, usando um software e login especial. As pessoas que não forem assinantes da HBO estarão impossibilitadas de obter o serviço.

Certa noite deste mês, enquanto seus filhos dormiam no andar de cima, Steve Glynn, 35, acompanhava com fones de ouvido um episódio da série In Treatment, da HBO, em seu laptop; na mesma sala, sua mulher Kerri estava assistindo Dancing With the Stars na TV da família. Ainda que ele diga assistir TV sem muita assiduidade, Glynn é adepto da HBO agora que os filmes e seriados do canal estão disponíveis em seu laptop. E quer mais. "Precisamos disso em todos os canais da Time Warner, e não só na HBO", disse.

O teste da Time Warner é um dos diversos sinais de que o setor de televisão, abalado pela recessão, está reconsiderando seu plano para levar a TV à web. Todos os indicadores apontam que programas de TV completos na web são tremendamente atraentes, já que milhões de norte-americanos se conectam para assistir aos episódios que perdem na TV e para descobrir novos programas.

O site de vídeos gratuitos Hulu, joint venture entre a NBC Universal e a News Corp., recebeu 35 milhões de visitantes em fevereiro ¿ uma fração das centenas de milhões de telespectadores de canais de TV a cada mês, mas alta de 42% ante os números de janeiro, de acordo com a comScore. As audiências de certos programas, como Lost, da rede de TV ABC, seriam até 25% mais altas caso os espectadores online fossem incluídos, de acordo com o serviço de medição de audiência Nielsen.

Mesmo assim, os executivos de TV estão desenvolvendo um modelo diferente sob o qual os assinantes de serviços tradicionais de TV a cabo e via satélite poderiam ter acesso online a toda a programação televisiva.

Na liderança do momento estão operadoras de TV a cabo e via satélite, preocupadas com a possibilidade de que a proliferação de vídeos gratuitos na web ¿ e programas para download na iTunes, da Apple - possa estar prejudicando o setor de TV por assinatura, que movimenta US$ 60 bilhões ao ano, ao permitir que pessoas cancelem seus serviços de TV a cabo.

AT&T, Comcast, DirecTV, Time Warner Cable e Verizon estão entre as empresas que estudam a possibilidade de distribuir conteúdo de TV online apenas a assinantes, de acordo com executivos familiarizados com as negociações. As distribuidoras procuraram produtoras de TV a cabo como a Viacom, que controla a MTV, VH1 e Comedy Central; a Scripps Ntwork, proprietária da HGTV e da Food Network; BBC; Discovery; e outros, para conversar sobre oferecer acesso à sua programação na internet aos assinantes.

Isso poderia fazer do YouTube, controlado pelo Google, um participante importante do mercado de vídeos mais longos ¿ algo que o serviço não conseguiu realizar por conta própria.

Os executivos de TV a cabo esperam por testes mais amplos dos novos sistemas, a partir da metade do ano, e estão desenvolvendo as tecnologias que permitirão que identifiquem seus consumidores quando estes estiverem online. A abordagem deve ser um assunto quente na conferência anual do setor de TV a cabo, em Washington, esta semana.

Também há sinais de que as redes de TV aberta e a cabo estão preocupadas por seu esforço inicial, muito divulgado, de veicular programas online possa estar ameaçando a receita mais alta que esses programas propiciam quando exibidos na TV convencional. As redes de TV a cabo não querem colocar programas na internet sem a garantia de que receberão a mesma taxa por usuário que auferem junto às distribuidoras de TV a cabo.

Quase todos os programas das redes abertas são exibidos de graça online, nos sites das redes ou em serviços centralizados como o Hulu, enquanto a maioria dos programas de redes a cabo não são distribuídos de graça. Mas nos últimos meses surgiram sinais de que as redes abertas podem estar mudando de idéia. A CBS, por exemplo, já não oferece episódios completos de The Mentalist, uma série de grande sucesso, na internet.

"As redes estão enfrentando dificuldades para descobrir como faturar ao distribuir via internet", disse Brian Baker, presidente-executivo da Widevine Technologies, que ajuda na distribuição segura de conteúdo online. "Os anunciantes não pagam tarifas plenas pelo conteúdo transmitido na internet, e isso começa a ameaçar o relacionamento multibilionário entre as redes e as distribuidoras via cabo e satélite".


Tradução de Paulo Migliacci para o portal Terra

Publicado por Thyago Mathias

Nenhum comentário: